Por trás de cada jornada inesquecível da Bici Trip, existe um processo cuidadoso de criação. Não se trata apenas de definir destinos ou escolher hotéis: trata-se de desenhar uma experiência de viagem em que cada pedalada, refeição e hospedagem esteja alinhada com a essência do cicloturismo. Além disso, tudo é pensado para que conforto, segurança e encantamento caminhem juntos — desde os primeiros estudos até os bastidores logísticos. Neste artigo, revelamos como é planejado um roteiro de cicloturismo na Europa, em cada detalhe que faz a diferença.
Do desejo à rota: onde tudo começa
Antes de colocar o pé na estrada, passamos semanas diante do computador. É um trabalho minucioso de pesquisa, feito com dezenas de ferramentas, mapas e bases de dados. Criamos e descartamos inúmeros planos de rota, combinações de hotéis e distâncias, até encontrar aquele desenho que faz sentido — o que equilibra prazer, conforto e beleza de pedalar.
Em seguida, é nesse processo que definimos o que é inegociável: o tipo de experiência que queremos oferecer, o nível de exigência com hospedagem, a lógica das etapas diárias e o ritmo da viagem. Só depois disso, planejamos a ida para a visita técnica.
Por fim, tudo começa com o desejo: o que está no radar do turismo e dos nossos ciclistas? Quais regiões estão despontando? Que rotas nossos clientes mais sonham em pedalar? A curadoria nasce dessa escuta atenta e da análise de tendências.
Definido o destino, iniciamos o estudo de viabilidade. Avaliamos:
- A infraestrutura ciclável: ciclovias, estradas tranquilas, caminhos seguros e heatmaps com volume de ciclistas.
- A altimetria e a movimentação de carros: o terreno é adequado para cicloturismo?
- A rede hoteleira: há hotéis boutique, 4 ou 5 estrelas, com bom serviço, localização estratégica e distância ideal entre si?
- O valor cultural e gastronômico do território.

A visita técnica: onde tudo se confirma (ou muda) no roteiro
Após os estudos prévios, é hora de vivenciar o território. A primeira visita técnica tem foco em validar os elementos-chave da viagem: as estradas e os hotéis.
Arthur e Maria conduzem pessoalmente essas viagens de reconhecimento. Depois de anos de experiência pedalando por diferentes países e organizando viagens de bike, eles desenvolveram um olhar preciso para o que realmente importa: conforto, beleza, fluidez e prazer em cada dia do roteiro.
Normalmente, as visitas técnicas duram cerca de sete dias e são intensas. É preciso otimizar o tempo, ver muitas coisas em pouco tempo, testar diferentes trajetos, visitar dezenas de hospedagens e, ao mesmo tempo, manter a cabeça aberta e criativa. O roteiro vai sendo ajustado na estrada, com decisões rápidas e um olhar atento para os detalhes que só aparecem quando se está ali, de bicicleta.
Muitas vezes, a ideia inicial — aquela desenhada no computador — simplesmente não se concretiza. E está tudo bem. Faz parte do processo. Há frustrações: o hotel que parecia perfeito nas fotos pode não ter o charme esperado, ou aquela estrada linda no Strava pode se revelar perigosa, movimentada ou sem acostamento. Nessas horas, é um verdadeiro quebra-cabeça encontrar o equilíbrio ideal entre distâncias, paisagens, estrutura e autenticidade. Dependendo da região, pode ser um desafio enorme achar hotéis que encantem e que fiquem exatamente na quilometragem ideal entre um e outro.


Mas é justamente nesse processo — de testar, ajustar e reinventar — que a viagem ganha vida. É na visita técnica que o roteiro deixa de ser um mapa e se transforma em experiência.
A escolha dos hotéis: conforto com identidade
Cada hospedagem é escolhida por seu equilíbrio entre conforto, história e conexão com o território. Não buscamos apenas luxo em nosso roteiro: buscamos significado. São hotéis que impressionam pela arquitetura, pelo serviço atencioso e pela capacidade de contar uma história local.
Antes de mais nada, precisamos entender a lógica da hospedagem dentro do roteiro. Quantos hotéis farão parte da jornada? Dois ou três? Além disso, existe a possibilidade de criar etapas em loop, retornando ao mesmo hotel, ou a região não tem atrativos suficientes para isso? Quantas noites passamos em cada um? Cada uma dessas respostas muda completamente o desenho da viagem.
Durante a visita técnica, marcamos visitas ou nos hospedamos nos hotéis em análise. O ritmo costuma ser intenso — muitas vezes dormimos em um hotel diferente a cada noite. São vários check-ins e check-outs em sequência, percorrendo a região para testar trajetos e entender o que realmente funciona na prática.


Além da localização e da distância entre os hotéis, há uma série de fatores que pesam na decisão final. O hotel é bike friendly? Possui infraestrutura para armazenar as bicicletas e carregar as e-bikes com segurança? Tem equipe preparada para lidar com um grupo de ciclistas? Está dentro do padrão Bici Trip — hotéis confortáveis, com aura de luxo, história, personalidade e, de preferência, independentes, sem aquele caráter padronizado das grandes redes?
Além disso, verificamos a viabilidade real de reserva. Um hotel pode ser perfeito em conceito e localização, mas inviável na prática se não tiver disponibilidade para o número de quartos que precisamos nas datas desejadas. Por isso, cada decisão é uma combinação entre curadoria, logística e possibilidade.
Foi exatamente o que vivenciamos na Baviera. A primeira visita técnica aconteceu no verão europeu de 2025, mesmo sendo um roteiro previsto apenas para 2027. Como a Alemanha é um país frio, precisamos estar lá com antecedência, em época de calor, para fazer a pesquisa de campo da maneira mais adequada possível.
Visitamos cerca de cinco hotéis até chegar à curadoria ideal. Maria, cofundadora da Bici Trip, resume bem o desafio: “Criar uma jornada de bike é como montar um quebra-cabeça. Às vezes a gente se apaixona por um hotel, como aconteceu na Baviera. Era uma joia rara: vista deslumbrante, restaurante estrelado Michelin, serviço impecável. Mas ficava no alto de uma montanha, com uma estrada sinuosa e perigosa. Amamos o hotel, mas ele não era viável para uma viagem de bicicleta. A jornada precisa funcionar como um todo. Cada peça tem que se encaixar.”
O pedal como protagonista
Na Bici Trip, o pedal é o aspecto mais importante da viagem. Afinal, fazemos Bici Trips — viagens de bicicleta. Nada tem mais peso do que o caminho que escolhemos percorrer.
Cada roteiro nasce do estudo cuidadoso das estradas. Avaliamos o tipo e o mix de superfícies — asfalto, ciclovias dedicadas, trechos de cascalho fino — e o impacto que cada uma pode gerar na experiência. Além disso, analisamos o nível de dificuldade, como podemos facilitar determinados trechos e quais são os planos B caso algo mude no trajeto.
Por exemplo, questões como “vale a pena aumentar a rota para evitar um trecho movimentado ou muito íngreme?” fazem parte do dia a dia do planejamento. Em uma viagem de bike, o caminho entre o ponto A e o ponto B raramente é uma linha reta. É um traçado pensado com sensibilidade e experiência, equilibrando prazer, desafio e segurança.
Note que, às vezes, é necessário incluir um pequeno transfer de carro ao longo do caminho. Evitamos ao máximo, mas ele é o que ocasionalmente possibilita conectar duas regiões, manter dois hotéis excepcionais no mesmo roteiro ou explorar o melhor de uma área sem comprometer a fluidez do pedal.
Escolher e desenhar o mapa é quase uma arte
Há países em que isso acontece naturalmente — a Holanda, por exemplo, tem uma infraestrutura ciclável impressionante, com ciclovias conectadas em todo o país. É possível sair do aeroporto de Amsterdã e chegar ao hotel pedalando. Já em outros destinos, o trabalho é bem mais complexo e exige uma pesquisa profunda para encontrar as estradas certas e o equilíbrio perfeito entre logística e encanto.
O objetivo final é sempre o mesmo: criar uma rota envolvente, bela e coerente com o nível de dificuldade proposto — um percurso que faça jus à essência da Bici Trip, onde o pedal é o que transforma o caminho em experiência.

Recentemente, estivemos em Riva del Garda para avaliar um dos trechos mais comentados nas redes sociais: a ciclovia de Limone del Garda. Ficamos encantados com os vídeos e fomos cheios de expectativa. Mas ao chegar lá, vimos que se tratava de um percurso curto, isolado, que não se conectava com o restante da rota e ainda exigiria cruzar túneis com tráfego intenso de caminhões. Por isso, decidimos não incluí-la. Para nós, o Instagram não pode ter mais peso do que a experiência real do ciclista.
Pedalar é o que organiza o tempo da viagem. É o que abre espaço para o silêncio, para o riso coletivo, para o olhar atento ao território. É o que transforma o caminho em memória.
A gastronomia como parte da rota
Na Bici Trip, a viagem é de bicicleta, mas também é uma jornada gastronômica. Levamos a comida a sério — muito a sério. Se você é do tipo que prefere pular o almoço e comer um sanduíche rápido, talvez a Bici Trip não seja para você. Aqui, a mesa faz parte da experiência.
Durante as visitas técnicas, cada refeição é testada e avaliada com o mesmo rigor dedicado às rotas. Além disso, buscamos sabor, energia e identidade regional. No almoço, por exemplo, priorizamos restaurantes locais autênticos, como uma trattoria familiar na Toscana ou um pequeno bistrô em Provence — lugares que servem comida boa, honesta e cheia de personalidade.
À noite, o tom muda: é hora de um mergulho gastronômico. Selecionamos restaurantes com propostas mais criativas e sofisticadas, que revelam o lado contemporâneo de cada destino. Em alguns roteiros, incluímos inclusive restaurantes estrelados Michelin, criando um contraste delicioso entre o simples e o extraordinário.
E como toda boa mesa, tudo isso se conecta ao vinho, pois cada prato é harmonizado com rótulos que expressam o terroir local — acreditamos que conhecer um território também é degustar seus vinhos. Mas deixamos claro: o consumo deve ser moderado, especialmente durante o pedal. A segurança vem sempre em primeiro lugar.
Na Bici Trip, a comida não é um intervalo da pedalada. É uma continuação da viagem — um capítulo que fala sobre o lugar, o clima e as pessoas.


Os guias: conexão e preparo do roteiro
Maria e Arthur, fundadores da Bici Trip, continuam liderando a criação e curadoria dos roteiros. Mas desde 2023, já não estão presentes em todos os tours. A operação cresceu — e para manter o padrão de excelência, foi necessário estruturar uma equipe de guias de bike.
“Não é viável estar presente em mais de vinte tours por ano e entregar o mesmo nível de energia”, explica Arthur. “Eu precisava focar no planejamento da operação e na logística.” Foi nesse momento que a Bici Trip deu um passo importante: crescer a equipe, criar processos e padronizar a experiência.
Desde então, nossos guias passam por um treinamento rigoroso, com checklists, protocolos detalhados, reuniões pré e pós-tour e uso de ferramentas digitais que centralizam todas as informações do roteiro. São profissionais experientes, escolhidos também pelo perfil humano — pela empatia, pela escuta e pela capacidade de criar conexão com o grupo.
Antes de cada tour, os guias realizam uma visita técnica completa, pedalando todo o trajeto, testando restaurantes e observando detalhes que fazem diferença na jornada. Identificam cruzamentos que exigem mais atenção, trechos que merecem ajustes e sugerem melhorias com base na vivência real.
Embora o processo de criação ser liderado por Arthur e Maria, são os guias que vivem a viagem na prática. Eles garantem que tudo flua como planejado, com domínio do território e cuidado genuíno com cada participante. Não à toa, têm avaliação máxima nas pesquisas pós-tour realizadas com nossos viajantes.

As experiências que completam o roteiro
Cada viagem da Bici Trip tem um tema, um ritmo e um estilo próprio. E, a partir disso, buscamos o melhor de cada região para complementar o pedal. O foco é a bike — é o caminho, o movimento —, mas as paradas pelo caminho são o que tornam a jornada memorável.
Em Bordeaux, o roteiro gira em torno das vinícolas. Nosso trabalho é criar o equilíbrio entre contrastes: grandes propriedades icônicas e pequenas bodegas familiares. Para isso, visitamos pessoalmente cada vinícola, conversamos com os produtores, entendemos o funcionamento das degustações e explicamos o perfil dos nossos viajantes. O resultado, portanto, é uma sequência de visitas que se conectam de forma natural com o ritmo do pedal e com a identidade local.


Na Provence, o encanto está nas lavandas e nos vilarejos charmosos. Mapeamos as feiras mais autênticas, identificamos o dia da semana em que elas acontecem e planejamos as rotas para que o grupo chegue justamente quando a cidade está viva — com aromas, cores e mercados a céu aberto.
Na Puglia, seria impensável não parar em uma masseria local para provar mozzarella fresca feita na hora. Além disso, entre um pedal e outro, há sempre tempo para um mergulho em uma piscina natural, dessas que ficam escondidas no meio das oliveiras e do calcário branco.
Essas experiências, portanto, não são desvios da rota — são extensões do próprio pedal. São elas que conectam o ciclista ao território e transformam uma viagem de bike em uma verdadeira imersão cultural.
Muito além do pedal: o que não está no mapa
Tudo o que parece leveza em uma viagem da Bici Trip é resultado de um trabalho minucioso — e invisível. Do planejamento logístico aos testes em campo, nada é improvisado. Cada mirante, trecho sombreado ou restaurante memorável é fruto de decisões pensadas e vividas, não de sorte.
Cada novo destino exige tempo, investimento e presença: estudamos, visitamos, testamos, voltamos. Porque conhecer um território de verdade leva tempo — e exige estar lá.
A Bici Trip é feita por pessoas. Humanos que pedalam, observam, experimentam e escutam. Nada nasce apenas de uma tela, de uma planilha ou de inteligência artificial.
Cicloturismo não pode ser amador. Criar uma jornada transformadora exige repertório, sensibilidade e vivência real.
Porque pedalar não é só pedalar. É transformar o caminho em memória. E isso exige muito mais do que parece.
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